terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Tempo de poesia - Relógio

Olá para todos leitores, hoje trago mais uma poesia de minha autoria.

Me inspirei no estilo de um dos pais do suspense e terror: Edgar Allan Poe.

Espero que gostem...


Relógio

Incessante mover dos ponteiros do relógio.
Denunciam que as horas passam sem remorso.
A incandescência diária desponta no horizonte.
Através da janela embaçada,
Não é possível enxergar esperança.

Novo dia, recebo-te com a face branda.
Apague todos os temores da noite passada.
Aqueça-me durante as lembranças,
Da fria madrugada.

O relógio não para, a vida escorre entre suas marcas.
Seis horas aponta o insensível objeto.
Devia sentir-me cansado.
Não posso dizer que dormi.
Pois não acordei.
Não posso dizer que superei, pois não esqueci.
Como direi que amei?
Se encontro-me afogado na solidão.

Pare!
Objeto maléfico, seu som mecânico e robótico,
Adentra em minha mente.
Consume minha sanidade.
Coloca-me em estado primitivo.

Sim...
Seu movimento é continuo.
Perpétuo.
Infinito.
Quem dera fosse possível,
Fazer-te funcionar ao inverso.

Voltar.
Voltar para os tempos reluzentes.
Tempos dançantes.
Ricos em cores.
Ricos em amores.
Amores há muito esquecidos.
Da vida varridos.
Despejados em um beco qualquer.

Fito.
A garrafa vazia,
Deixada tombada em cima da mesa.
É um péssimo hábito.
Porém um consolo para almas errantes.
Que vagam sozinhas.
Deixando um rastro de melancolia,
Pelos caminhos que percorrem.

Um feixe de luz,
Reflete em meus olhos.
Emergi-me das trevas,
Por alguns instantes.
Penso estar salvo.
Até ouvir o timbre infernal.

Cessa-te.
Pelo zelo de minhas faculdades mentais.
Seu movimento denúncia meu tormento.
Sua natureza expõe minha derrota.

Dono do tempo!
Controlador da vida.
Castiga-me.
Enlouquece-me.
Tu que guardas em teus meios
As cores, as danças e os amores.
Imploro-te.
Os atire na sombra do esquecimento.

Assim permitindo,
Deixar-me livre de consciência.
Para suportar a descolorida, parada e rancorosa vida.
Oh! Existência paradoxal!
Destrua esse relógio maldito!

Liberta-me do padrão infernal.
Aflige-me a espinha dorsal da razão.
Urros de dor rasgam o ambiente.
Raivosos golpes dilaceram o coração.
Acorde-me desse pesadelo que é viver sem você.


Matheus Natal


Um comentário:

  1. vamos se dizer que... esta praticamente perfeito
    gostei bastante quando o autor envolve algo mecanico como o relogio com sentimentos que no que me parece seria um amor passado .... perfeito

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