sábado, 22 de dezembro de 2012

Apresentação

Olá para todos os leitores.

Conversei com o Eidi e a partir de hoje irei ajudar nas postagens do blog. 

Eu postarei sobre diversos assuntos, livros, filmes, músicas, jogos... Enfim entretenimento, mas também colocarei críticas sociais, politicas, etc.

Vou falar um pouco sobre mim, me chamo Matheus, escrever é o meu hobby favorito, também gosto de expor minhas ideias. Sou fiel a área de humanas, então podem esperar posts sobre história, política, filosofia, sociologia, etc.

Aprecio todas as formas de arte(música,teatro,cinema,literatura...).

Porém tenho uma paixão imensurável por literatura, então sempre que puder irei citar grandes autores e suas obras. 

E como escritor iniciante, colocarei meus textos e poesias.

Desde já agradeço a visualização de todos e espero que o blog cresça cada vez mais.

Irei deixar um poema de um dos maiores escritores brasileiros: Carlos Drummond de Andrade. 




A FLOR E A NÁUSEA

Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me'?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.


Matheus Natal

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